Quem não gosta de azeite de oliva? Eu, particularmente, não conheço esse alguém. O famoso “ouro líquido” é praticamente uma unanimidade.
Esse clássico ícone do estilo de vida mediterrânea, considerada a dieta mais saudável do mundo, vem aumentando seu protagonismo. É um mercado que tem crescido muito nos últimos anos, e o Rio Grande do Sul é um dos estados que vem despontando pela qualidade da sua produção. Mas cerca de 98% do azeite consumido no Brasil ainda é importado. Isso mostra o potencial deste segmento para alavancar novas oportunidades para diversos outros setores – incluindo o da comunicação e do design, por exemplo.
Além da qualidade do produto, são as embalagens e as garrafas, nomes, logotipos, rótulos, material para o ponto de venda, sinalização das fábricas e dos locais de degustação, entre outros itens do universo do design, que vão contribuir para fomentar o setor; se o produto é Premium, por exemplo, a embalagem tem que traduzir este posicionamento. Design é ferramenta estratégica para o negócio.
Um case interessante é o do Azeite Sabiá que tem uma história muito ligada ao design. A marca gráfica, criada pela multinacional de marcas FutureBrand, recebeu medalha de ouro no Worldwide Logo Design Annual [Wolda], importante prêmio que valoriza os melhores trabalhos em marcas produzidos no mundo. Conversei com Bob Vieira da Costa, publicitário, administrador e olivicultor, e ele conta a sacada “brilhante” da agência: o rótulo foi desenvolvido exatamente a partir de um briefing com consumidores de azeites que disseram o que eles gostariam de ver, de ter e de enxergar dentro de um rótulo de azeite; a partir desse briefing, a FutureBrand criou um rótulo clean, com cores claras e com uma espécie de um bordado que remete à artesanalidade do próprio azeite; e por fim, o que é surpreendente, e que inclusive foi motivo de ganhar medalha de ouro no festival alemão, é a folhinha no logo do Sabiá que tem a forma de uma folha da oliveira e, ao mesmo tempo, o formato de um passarinho. “O design foi muito bem trabalhado”, conta Bob.
A embalagem é o principal elo de comunicação entre o consumidor, o produto e a marca. É um fator importante para impulsionar a venda do produto. Se a embalagem não chamar a atenção ela pode passar despercebida e a chance de continuar na prateleira é maior.
Além da embalagem atraente, também é preciso saber escolher qual é o melhor azeite, o que não é uma tarefa fácil para leigos. Fui buscar umas dicas com quem é expert no assunto.
A Mestre de Lagar da Fazenda Serra dos Tapes, em Canguçu [RS], Claudia Santos, dá uma dica valiosa: o azeite, quanto mais fresco melhor. Neste quesito, a produção local leva vantagem. “Só um azeite produzido nas proximidades vai chegar à mesa com a intensidade de sabores e aromas que apenas uma produção local consegue entregar. Então, o melhor azeite é aquele extravirgem, feito localmente e consumido jovem – e não os importados que quase sempre chegam aqui um ou dois anos depois de produzidos”, comenta Claudia. Ela diz que o grande diferencial do azeite nacional brasileiro é o sabor. ”O azeite deve ser consumido, de preferência, dentro do ano que foi elaborado e isso conseguimos no azeite brasileiro que não viajou, não ficou em containers nem atravessou os oceanos”.
Com um potencial gigantesco no Brasil, o setor de Azeites de Oliva tem foco em alta qualidade: é fundamental que os produtores locais sejam prestigiados. E o Design está aí para colaborar na valorização desse segmento.